terça-feira, 6 de novembro de 2012

Dia Nacional da Língua Portuguesa


 Dia 05 de Novembro

A língua nacional tem data comemorativa no Brasil desde 2006. Através da Lei nº 11.310, de 12 de junho de 2006, o presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei do Senado n. 149/04, de autoria do Senador Papaléo Paes (AP) que institui o dia 5 de novembro como Dia Nacional da Língua Portuguesa no Brasil.
O dia 5 de novembro foi escolhido por se tratar da data de nascimento do baiano Ruy Barbosa (1849-1923), um dos defensores da língua portuguesa no Brasil.
Homenageamos o dia dedicado à nossa língua materna com o poema " A Arca de Noé" de Vinícius de Moraes.




A arca de Noé


Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.


O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.


E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca


Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.


Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: "Boa terra
Para plantar minhas vinhas!"


E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.


Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.


E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.


Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora a cabeça botam.


Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.


A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.


Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.


Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pelo
Pela terra prometida.


"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta; e o tigre — "Não!"


Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.


Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.


Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista


Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória


Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.
 

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